Malwee adota cavaco de eucalipto como combustível para caldeiras
- Brasil Biomassa e Energia Renovável
- 29 de jul. de 2015
- 3 min de leitura
Com a medida, empresa de Jaraguá do Sul projeta reduzir emissão de CO² no processo produtivo em 56,7% ao ano.

A Malwee, de Jaraguá do Sul, decidiu apostar na biomassa como combustível para geração de energia térmica. A nova fonte de energia substituirá parcialmente o gás natural nas caldeiras, na ordem de 55% a 60%. Em vigor desde o último dia 22 de junho, a mudança foi concretizada após dois anos de desenvolvimento do projeto.
O vapor produzido nas caldeiras será aplicado em etapas do processo produtivo, como tinturaria e acabamento têxtil. Não houve alterações no uso de energia elétrica comprada da Celesc.
De acordo com a gestora de sustentabilidade do Grupo Malwee, Taise Beduschi, a fonte de origem florestal escolhida foi o eucalipto, por ser uma cultura bem conhecida e com fornecimento dentro de Santa Catarina. Com a troca, a empresa estima reduzir em 56,7% a emissão de CO² (gás carbônico) no ano durante a queima de combustível nas caldeiras. A economia financeira também será considerável, segundo a empresa, que prefere não revelar as cifras.
“É mais barato queimar cavaco do que gás natural. O aspecto econômico é importante para não impactar no custo do produto final”, diz Taise.
Quando realizou o levantamento das emissões de gases do efeito estufa, em 2013, a Malwee identificou que as principais fontes tinham como combustível justamente o gás. Para reduzir as emissões, portanto, deveria substituí-lo. Desde então, a empresa vem trabalhando na implementação da mudança.
A Malwee não revela o valor investido, mas houve adaptações. Uma delas foi a compra de uma caldeira, instalada em um espaço novo, aproveitando o projeto de ampliação da fábrica.
Compromissos assumidos
A substituição parcial do gás natural por biomassa reflete um movimento mais amplo da Malwee para colocar a sustentabilidade em posição de destaque na estratégia do negócio. Há cerca de dois anos, a empresa iniciou um trabalho de estruturação de políticas que vão nortear todas as ações.
Um dos primeiros passos foi a criação, em 2013, de uma área de sustentabilidade ligada diretamente à presidência, composta por cinco profissionais dedicados. Na mesma época, 20 profissionais em cargos de liderança e de nível técnico se reuniram para desenhar o plano estratégico para 2020. O grupo fez uma análise das oportunidades e riscos, construiu uma visão de sustentabilidade e definiu estratégias e diretrizes. Em 2014, os objetivos e as metas foram construídos com a participação de 14 comitês internos.
O resultado pode ser conferido no Plano 2020, que ficou pronto em março deste ano e mostra como a empresa vai conduzir sua produção e se relacionar com a sociedade nos próximos cinco anos. Uma das diretrizes é reduzir ao máximo as emissões de efluentes e de resíduos, o que justifica a adesão à biomassa.
O ano de 2015 caracteriza-se pela consolidação do processo. Além do Plano 2020, a Malwee lançou seu primeiro relatório de sustentabilidade no mês de maio, elaborado a partir da metodologia internacional Global Reporting Initiative (GRI).
No mês seguinte, a indústria têxtil tornou-se signatária do Pacto Global, iniciativa criada pelo ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) Kofi Annan, com o objetivo de mobilizar a comunidade empresarial em torno de dez princípios internacionalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção.
Políticas para os fornecedores
O Plano 2020 dá uma atenção especial ao fortalecimento das políticas para assegurar que as facções cumpram todas as regulamentações legais. Foram criados mecanismos de controle para impedir práticas em desacordo com os compromissos do plano. A Malwee conta com 2,7 mil fornecedores, sendo que 190 deles são prestadores de serviço para o processo de costura e acabamento de roupas.
De acordo com a empresa, essas confecções são de pequeno porte, com uso intensivo de mão de obra, o que amplia o risco de situações de não conformidade com a legislação trabalhista e com os princípios de respeito e garantia dos direitos humanos.
Atualmente, 61% das facções contratadas já são certificadas pela Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTex). Cerca de 90% das compras da Malwee são realizadas com fornecedores brasileiros.
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