OFERTA ATUAL E FUTURA DE BIOMASSA PARA GERAÇÃO DE ENERGIA NO BRASIL. Estima-se que no nível global, para o ano 2050, a principal fonte de bioenergia procederá das plantações bioenergéticas e marginalmente do aproveitamento dos resíduos da colheita. Para essa data, os resíduos industriais haver-se-ão utilizado completamente.
O Brasil é um dos poucos países, onde tem se realizado pesquisas durante décadas para a produção em grande escala de energia derivada da madeira. No país tem-se realizado investimentos em plantios florestais de crescimento rápido, majoritariamente de Eucalyptus spp, dedicadas a produção de madeira para obtenção de carvão destinado a indústria do aço.
Também, tem-se estabelecido plantações florestais que produzem biomassa de combustão, para geração de calor e eletricidade, e que é utilizada na indústria alimentaria, das bebidas e outras (FAO, 2008).
No país, também, existe uma imensa superfície de território, quase toda localizada em regiões tropicais e chuvosas, que oferece excelentes condições para a produção e o uso energético da biomassa em larga escala. Além, da produção de álcool, queima em fornos, caldeiras e outros usos não-comerciais, a biomassa apresenta grande potencial no setor de geração de energia elétrica.
Os estados brasileiros com maior potencial de aproveitamento de resíduos da madeira, oriunda de silvicultura, para a geração de energia elétrica são Paraná e São Paulo. O tipo de produção de madeira, atividade extrativista ou reflorestamento, influi na distribuição espacial dos resíduos gerados. Nos casos de extração seletiva e beneficiamento descentralizado, o aproveitamento de resíduos pode-se tornar economicamente inviável.
Segundo dados do Centro Nacional de Referencia em Biomassa (CENBio), estima-se que o potencial de geração de energia elétrica a partir de resíduos florestais para os estados de São Paulo e Paraná seja entre 27,53 e 82,9 MW, seguido por Minas Gerais e Bahia com potencial entre 18,13 e 27,5 MW. Comparando a disponibilidade dos resíduos madeireiros, nos florestas amazônicos naturais com os plantios de Pinus de crescimento rápido destinadas a operações industriais típicas, no Brasil, a informação mostra que somente uma pequena proporção das árvores se transformam em produtos comercializáveis.
Entre 80 e 90% do volume total de resíduos das florestas naturais e entre 60 e 70% dos plantios de Pinus poderia ser utilizado para a geração de energia. A maior parte deste material são as copas e outras peças descartadas, que se abandonam na floresta após a colheita.
O setor siderúrgico a carvão vegetal fez crescer o consumo desse insumo, nos últimos 10 anos, em mais de 50%. Apesar do crescimento dos plantios seja na ordem de 3% /ano, é ainda insuficiente para atender à demanda crescente. O déficit tem sido em parte, compensado pelo aumento da produtividade das florestas plantadas e, através dos programas fazendeiros florestais. Não há, no presente, carvão vegetal de florestas energéticas renováveis para atender à demanda, a curto e médio prazo (Elesier Lima Gonçalves – Diretor Superintendente da ArcelorMittal em Revista Opiniões).
Segundo dados do Instituto Estadual de Florestas (IEF), no Estado de Minas Gerais, as siderúrgicas instaladas consomem, anualmente, uma média de 10 milhões de metros cúbicos de carvão vegetal produzido pela derrubada ilegal de matas nativas. Desse total, cerca de 3,5 milhões de metros cúbicos são extraídos de florestas mineiras e o resto de outros estados, principalmente Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Piauí. Atualmente, se tramita na Assembléia Mineira, um projeto que visa, reduzir gradativamente essa permissão, de forma que, em 2017, o carvão vegetal de florestas nativas responda por apenas 10% do consumo de cada siderúrgica.
O Estado de São Paulo possui mais de 3,5 milhões de hectares de terras com aptidão florestal, que são aquelas que não competem com a produção agropecuária, ou seja, basicamente de alimentos, os quais podem ser usados para o plantio de até 800 mil hectares, visando à produção florestal bioenergética, cujo potencial de produção por hectare rivaliza com o da cana-de-açúcar.
A superfície necessária, para fins energéticos no Estado de São Paulo foi calculada através de projeções de crescimento da demanda, tomando por base taxas anuais, verificadas nas últimas décadas. Projetando-se para 25 anos, com uma produtividade média estimada em 40 m3/ha/ano, resultou em 780 mil hectares, as necessidades de florestas para energia.
Atualmente, no Brasil, estão incluindo várias medidas de promoção do uso sustentável da floresta, como ações fundamentais da implementação do Plano Nacional de Mudanças Climáticas, como, por exemplo, o aumento da base florestal plantada de 5,5 para 11 milhões de hectares, incluindo 2 milhões de hectares de florestas nativas e a implementação de 4 milhões de hectares de concessões florestais e outros 4 milhões de manejo florestal comunitário.
Estas ações são consideradas fundamentais, para que a floresta em pé tenha mais valor do que o uso alternativo do solo e, assim, promova a mitigação dos gases de efeito estufa, a produção de madeira e de biomassa para energia. Num cenário para 2015, no Brasil, se espera que 26 milhões de pessoas utilizem a biomassa tradicional lenhosa como fonte de energia para cozinhar e aquecimento e de 27 milhões para o ano 2030 (IEA, 2006). Estima-se, atualmente, que quase a metade de toda a madeira consumida, no Brasil, destina-se ao suprimento energético, principalmente, na forma de lenha e carvão vegetal.
Cabe assinalar que, uma enorme quantidade da madeira utilizada ainda provém de florestas nativas, e a sua conversão carece de compromissos tecnológicos, econômicos ou ambientais. No Brasil, aproximadamente, 30% do consumo doméstico bruto de energia é derivado de produtos da biomassa vegetal, além disso, segundo a ANEEL, a biomassa em geral representa 30% dos empreendimentos de co-geração em operação no país.
Por outro lado, a Coordenação-Geral de Mudanças Globais de Clima do Ministério da Ciência e Tecnologia estima que o potencial de capacidade instalada do Brasil, em biomassa como fonte renovável seja de:
• 8.700 MW para bagaço de cana-de-açúcar;
• 1.300 MW para casca de arroz e resíduos de madeira;
• 600 MW para resíduos sólidos urbanos.
No Brasil, um dos setores mais atingidos pela crise econômica foi o siderúrgico. A recessão econômica americana atingiu a produção de algumas siderúrgicas de ferrogusa do país, principalmente da região Norte. Duas usinas paraenses – a Usimar e a Sidenorte – paralisaram as operações por falta de pedidos. Com o agravamento da crise, a maior parte dos clientes acumulou estoques suficientes para operarem até o fim do ano. A conseqüência disto é a queda contínua dos preços. Segundo especialistas, o setor vai se recuperar no tempo, mas, no curto prazo deve causar diminuição nos pedidos de suprimentos, principalmente, no início da cadeia produtiva do ferro gusa, onde estão os produtores de carvão vegetal, que hoje vendem o metro de carvão (mdc) com preço médio de R$ 100,00. No Estado do Mato Grosso do Sul foi publicada uma portaria alterando o valor da pauta de referencia fiscal relativa ao Carvão vegetal. As siderúrgicas instaladas em Mato Grosso do Sul devem ser as primeiras do país a alcançar a auto-suficiência, em matéria-prima florestal.
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