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POTENCIAL DE RESÍDUOS DE BIOMASSA NO BRASIL. O Brasil dispõe de grande potencial no domínio de algumas fontes de energia renováveis, atendendo à localização, características e recursos naturais do seu território. O aproveitamento da biomassa deve ser constituir um desafio prioritário da nossa política energética, é um vetor de desenvolvimento do País indo ao encontro dos objetivos nacionais de reforço da segurança energética e da diversificação do abastecimento de energia, de proteção ambiental e de coesão social e econômica com novos empregos.

 

A geração de resíduo de madeira processada mecanicamente para o Brasil  foi equivalente a 50.778.566,33 m³, valor correspondente a 45% de perda no processamento das toras.. A região com maior geração de resíduo foi a Sul, apresentando valor de 21.188.983,25 m³ (41,7%), seguida do Sudeste (32%) e do Norte (15,3%).   Em relação aos estados, o Paraná possui a maior geração desses resíduos, com valor de 10.922.631,10 m³, seguido por São Paulo, Bahia, Santa Catarina e Minas Gerais.

 

A geração de resíduo da cadeia florestal e industrial para o Brasil foi equivalente a 85.574.464,76 m³. A região com maior geração de resíduo foi a Sul, apresentando valor de 30.099.297,47 m³ (35,17%), seguida da Sudeste (26,33%) e Norte (15,48%). Em relação aos estados, o Paraná apresentou a maior geração, com valor de 15.741.680,80 m³, seguido de São Paulo, Bahia, Santa Catarina, Minas Gerais e Pará.

 

As fábricas de papel e celulose geram uma quantidade de resíduos de aproximadamente 48 t de resíduos para cada 100 t de celulose produzida, ou seja, produzem 48% de resíduo em seu processo produtivo. Os dados de produção de papel e celulose foram retirados do Relatório anual referente à produção de papel e celulose realizado pela Associação Brasileira de Celulose e Papel – Bracelpa.   Em 2012, foram produzidas, no Brasil, 22.743.000 t de papel e celulose. Desta forma, a geração de resíduo das indústrias de papel e celulose foi estimada em 10.916.640 t em todo o Brasil. A produção de celulose gera vários tipos de resíduos orgânicos e inorgânicos.

 

RESÍDUOS DE MADEIRA .  O Brasil possui alto potencial florestal devido às suas grandes extensões de terra que possibilitam um alto volume de produção de madeira. A cadeia produtiva da madeira gera uma grande quantidade de resíduos se considerarmos os processos de transformação primário, secundário e terciário que, se não tratados adequadamente, podem gerar diversos problemas ambientais. Estes resíduos são constituídos pelo material florestal orgânico que sobra na floresta após a colheita, sobras de madeira, com ou sem casca, galhos grossos e finos, fuste, casca, copa, touça e raízes.

 

Os resíduos de madeira podem ser divididos em três categorias. A primeira é composta por resíduos silviculturais, também denominada como a madeira resultante da operação de colheita ou resíduos de biomassa. Consistem de árvores inteiras transformadas em partículas (cavacos); copa, galhos e ramos produzidos durante o manejo e praticas de transformação da árvore em toras. A segunda categoria é composta por resíduos de conversões “in situ”, que consistem de árvores inteiras transformadas em partículas; copas, galhos e ramos obtidos de conversões localizadas em rodovias, casas, comércios, indústrias e outras atividades desenvolvidas com a utilização de madeira. A última é composta por resíduos de madeira, definidos como resíduos industriais, que incluem casca, partículas, destopos, serragem e restos gerados como resíduo das indústrias primarias e secundarias de produtos de madeira e outras indústrias, comércios e atividades residenciais.

 

Os principais resíduos das indústrias da madeira são: a) a serragem, que podem chegar a 12% do volume total de matéria-prima; b) os cepilhos ou maravalhas, que podem chegar a 20% do volume total de matéria-prima, nas indústrias de beneficiamento; c) a lenha ou cavacos, que pode chegar a 50% do volume total de matéria-prima, nas serrarias e laminadoras.
As árvores mais utilizadas em florestas de reflorestamento são o pinus e o eucalipto. O pinus é do gênero de plantas da família pinaceae e são árvores perenes presentes principalmente em climas temperados. Seus resíduos possuem poder calorífico inferior de 4174 Kcal/Kg e densidade de 350 Kg/m³.

 

 Já o eucalipto é a designação vulgar das várias espécies vegetais do gênero Eucalyptus, pertencente a família das mirtáceas, que compreende outros 130 gêneros. Seus resíduos possuem poder calorífico inferior de 4024 Kcal/Kg e densidade de 374 Kg/m³. Tanto os valores citados para o eucalipto quanto para o pinus consideram um teor de umidade em torno de 25%. O eucalipto é responsável por 81,6% da área total com florestas plantadas e o pinus é responsável por 17,2%, ficando 1,2% da área plantada para outros gêneros.

 

O processamento primário é composto pela extração da madeira da floresta nativa ou da floresta de reflorestamento transformando-a em toras, gerando um desperdício de madeira na forma de resíduos. Em plantios de pinus, cerca de 28% do peso total da árvore fica na floresta em forma de resíduos, já no plantio de eucaliptos 22% se tornam resíduos.

 

O setor de base florestal (processamento secundário) se baseia na transformação das toras de madeira em placas, barras, laminados, painéis, compensados etc. Nesta fase é gerada a maior quantidade de resíduos, pois para cada tonelada de madeira bruta beneficiada, são gerados de 35% a 50% de resíduos. Em uma última etapa, essa madeira processada é utilizada na montagem de móveis, construção civil, entre outras finalidades, o que também gera perdas nas operações de corte e acabamento.

 

A produção de madeira pinus em toras concentra-se nas regiões Sul e Sudeste do país, as quais respondem por mais de 90% da produção sustentável nacional. Já a produção de madeira de eucalipto, também em toras, concentra-se nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, e representam mais de 70% da produção sustentável nacional de eucalipto. O principal segmento consumidor de madeira em tora (processo primário) de floresta plantada é a indústria de papel e celulose, seguida pela siderurgia e pela indústria de madeira serrada. Após o processo secundário, os principais destinos da madeira processada são as indústrias moveleiras e de construção civil.

 

As indústrias madeireiras tendem a apresentar um baixo rendimento e a gerar grande quantidade de resíduos no processo produtivo.  O aumento progressivo da quantidade de madeira desdobrada, ou seja, madeira serrada tem revelado problemas como o crescimento do consumo da matéria-prima madeira, além da disponibilização de quantidades ainda maiores de resíduos, que muitas vezes não em utilização na indústria, onde os mesmos foram gerados. A geração de resíduos é conseqüência natural da transformação da madeira maciça ou de painéis de madeira reconstituída.

 

O aproveitamento desses resíduos tem contribuído para a racionalização dos recursos florestais, proporcionando uma nova alternativa sócio-econômica às empresas, ambientalmente adequadas ao gerenciamento de resíduos sólidos industriais. O processamento de madeiras em serrarias, marcenarias, carvoarias e outras indústrias florestais, podem ser incluídos na lista dos métodos geradores de resíduos. Esses resíduos poderão transformar-se em poluentes ambientais caso não sejam aproveitados para a formulação ou confecção de produtos úteis.. A disponibilização dos resíduos sem uma destinação adequada gera graves problemas ambientais como o assoreamento e poluição dos rios, poluição do ar devido à queima para a eliminação dos mesmos, a utilização de áreas para o armazenamento desse material que poderiam ser destinadas para outros fins e o desperdício da matéria-prima que entra na indústria. 

 

Uma das maneiras mais adequadas do conhecimento necessário para a solução desses problemas é a caracterização do rendimento produtivo das indústrias, dos fatores geradores de resíduos, do volume e tipos de resíduos existentes, da sazonalidade de geração dos mesmos além dos possíveis usos que podem ser dados a este material. Desta forma, é fundamental a realização da análise de cada fase do processo produtivo, caracterizado pelo balanço de matérias e pela avaliação do rendimento. Produtos de madeira ou seus derivados apresentam uma série de vantagens em relação a outros materiais de construção.  A madeira é um material renovável; disponível abundantemente, biodegradável ou durável dependendo do tratamento, reciclável e imobiliza o carbono proveniente da atmosfera em sua estrutura.

 

Para produzir produtos de madeireiros consome-se menor quantidade de energia em comparação à produção de aço, plásticos e materiais a base de cimento. Outras vantagens da madeira são a altas resistências em relação à massa especifica e a boa trabalhabilidade. Muitos resíduos podem ser transformados em subprodutos ou e matérias-primas para outras linhas de produção. A questão do resíduo florestal na indústria é muito discutida, pois o volume de perdas ainda é muito grande, mesmo em marcenarias e pequenas serrarias.  Muitas vezes, uma empresa quer tratar os seus resíduos e há uma consciência do gerador neste sentido.

 

De acordo com o Anuário Brasileiro de Economia Florestal, a transformação de toras em tábuas, pranchas, vigas ou outras peças de madeira provoca a produção de uma quantidade maior ou menor de desperdício.Fatores que influem no seu volume, como a natureza da matéria-prima, a eficiência das máquinas empregadas pela indústria e as exigências do mercado, exercem influência através das quantidades relativas à madeira serrada de diversas espessuras e comprimentos, já que a obtenção de tábuas mais finas requer maior quantidade de cortes, o que aumenta o desperdício em forma de serragem.

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